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Valle del Aviles: trekking selvagem no coração do Parque Patagônia

  • Foto do escritor: Emanuel Silveira
    Emanuel Silveira
  • 3 de jun.
  • 4 min de leitura

Atualizado: 5 de jun.

Se tem um lugar que me marcou profundamente na Patagônia, esse lugar é o Vale del Áviles, dentro do Parque Nacional Patagônia, no Chile. E não é só pela beleza — que, sinceramente, é difícil até descrever — mas pela história que esse lugar carrega e pelo que ele representa em termos de preservação ambiental e reconexão com a natureza selvagem.


Antes de falar do trekking (que é uma aventura incrível), eu preciso te contar como esse lugar existe do jeito que existe hoje. E essa história começa com um nome que talvez você já tenha ouvido: Douglas Tompkins, fundador da North Face.


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A história do Parque Patagônia começa com uma Kombi e dois visionários


Lá na década de 60, Douglas Tompkins, da North Face, e seu grande amigo Yvon Chouinard, fundador da marca Patagonia, eram dois jovens aventureiros apaixonados por escalada, pesca e surf. Eles colocaram uma Kombi na estrada, saindo dos Estados Unidos, e vieram até a Patagônia, descendo tudo de carro, explorando cada pedaço, cada montanha, cada praia.


Foi aí que nasceu uma paixão sem volta. Tanto que, alguns anos depois, Tompkins vendeu sua parte na North Face (motivação que, dizem, teve influência da sua ex-esposa, mais ligada ao mundo da moda), largou tudo e começou a comprar terras na Patagônia Chilena e Argentina.

Mas ele não comprava pra explorar — muito pelo contrário. Comprava pra proteger. Na época, ele foi chamado de louco, de gringo maluco, de invasor. A galera local não entendia o que ele estava fazendo. Afinal, quem em sã consciência compra milhares de hectares de fazendas pra simplesmente devolver pra natureza?


Pois ele fazia exatamente isso. Comprava fazendas, contratava os próprios ex-donos pra trabalhar na regeneração das terras, removia cercas, acabava com a pecuária, e iniciava um longo processo de reintrodução de fauna e flora nativas.


O resultado? Hoje, o Parque Patagônia é um dos maiores legados de preservação ambiental do mundo. E o Valle del Aviles, que antes era uma fazenda de gado, virou um dos lugares mais selvagens, bonitos e vibrantes da região.


O vale onde os animais não têm medo do ser humano


Uma das coisas que mais me impressionam no Valle del Aviles é a quantidade de vida selvagem. Guanacos, pumas e diversas aves circulam livremente. E, diferente de outras regiões da Patagônia, aqui os animais não fogem quando avistam seres humanos.


Por quê? Porque não existe caça aqui. Eles foram reintroduzidos num ambiente onde o humano não representa ameaça. Pelo contrário, aprenderam que somos, de certa forma, aliados. É muito comum, durante o trekking, cruzar com guanacos que chegam perto, curiosos, às vezes até pedindo aquele “carinho imaginário”. É surreal.


Como é o trekking no Valle del Aviles?


O trekking no Valle del Aviles é uma travessia de 5 dias e 4 noites, percorrendo cerca de 65 km dentro do Parque Patagônia. E olha... não é um trekking qualquer.


A trilha conecta dois setores do parque: Jeinimeni, na parte alta, até o setor Chacabulco, no centro do parque. No caminho, a gente atravessa vales cercados de montanhas nevadas, bosques patagônicos e pampas abertos. A mudança de paisagem é constante e espetacular.


E aqui vai um detalhe importante (e um baita diferencial da nossa expedição): incluímos um dia extra que quase ninguém faz.


No segundo dia, ao invés de seguir direto pro Valle del Aviles, a gente acampa mais uma noite no Vale Hermoso pra fazer um bate-volta até o Vale de Los Glaciares, onde tem uma lagoa glacial que não me arrisco descrever. Pouquíssimas agências oferecem essa experiência — e, sinceramente, é um dos pontos altos da viagem.


É um trekking difícil?


Tecnicamente, não. Se você já fez algum trekking, como Torres del Paine, El Chaltén ou até travessias no Brasil, você tá pronto. Mas... tem um porém:


Prepare-se pra cruzar rios. E muitos. Principalmente no primeiro e no terceiro dia, são dezenas de travessias. O mesmo rio, várias vezes. É água no joelho, às vezes até na coxa. Faz parte da diversão, mas exige disposição e espírito de aventura.


Logística: como chegar no Valle del Aviles?


Nosso ponto de partida é Balmaceda, no Chile. De lá:

  • Pegamos um transfer até Puerto Ingeniero Ibáñez,

  • Cruzamos de balsa até Chile Chico,

  • Dormimos uma noite em Chile Chico, pra descansar da viagem,

  • E no dia seguinte seguimos pro início do trekking, no setor Jeinimeni, dentro do Parque Patagônia.


A trilha termina no setor Chacabulco, na famosa Casa de Piedra, onde um transfer já nos espera pra levar até a Vila de Cerro Castillo. Quem vai embora, segue viagem no dia seguinte. Quem continua na Patagônia (e recomendo muito que continue!), tem outras aventuras pela frente.


Por que fazer esse trekking?


Se você busca um trekking selvagem, fora da rota turística tradicional, em um lugar onde natureza e conservação caminham lado a lado, o Valle del Aviles é simplesmente obrigatório.

Não é só uma trilha. É caminhar por um território que carrega uma história de amor, resistência e cuidado com o planeta. É viver, na prática, o que significa preservar, regenerar e coexistir com a natureza.


Se quiser saber mais detalhes ou garantir sua vaga na próxima expedição, é só chamar a gente!


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Nos vemos no Vale!

 
 
 

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